Recentemente, o rapper CFKappa fez o lançamento do seu novo álbum “Rota do Sossego”, um projeto que rapidamente ganhou destaque no cenário do rap angolano. Entre todas as músicas, a que mais chamou a atenção foi “Apogeu“, uma hot collab com Micha Star, 12Furos, Phedilson e Hernâni da Silva.
A música começou a ganhar destaque nas redes sociais, principalmente devido às barras de 12Furos que muitos fãs defendem que foi uma das melhores representações do rap consciente. As linhas do rapper trouxeram-lhe críticas contra os membros do “Monopólio”, com profundas críticas sobre Kelson Most Wanted.
“Dizem que sou gueto sob sofrimento, como diz a miséria que não é da normalidade/ o governo mente descaradamente/ meu problema não é contigo é com teu pai/ que rouba a minha gente grande e competente/ e o fiscal que quer bater na minha mãe/ a venderem na praça e ela me sustentou/ a zunga muita mãe, seu filho formou/ sou revolução no rap em português/ sou Savimbe que somam de lá nem morro...”
Essas linhas reafirmam o estilo revolucionário e visceral de 12Furos, um rapper que usa o microfone como arma contra injustiças sociais.
Esses versos incendiaram as redes e reabriram feridas antigas. Para contextualizar, CFKappa e a TRX Music estavam em paz desde 2014, após uma série de beefs iniciados com o lendário tema “CONTROL” em que CFKappa queria provar que ele é quem mandava acena, o mesmo single traz participação do rapper moçambicano.
No álbum “Rota do Sossego”, CFKappa deixa evidente o seu status de GOAT, relembra o seu papel como um dos fundadores da cena rap newschool em Angola. Por seu lado, 12 Furos, conhecido pelas suas rimas sobre gueto, fome, igualdade social, volta a ser destaque.
“Tenho um nojo desses types/ Tenho um nojo desses titles/ E sei que não sou o único Que tá a competir/ Com gajos cuja mesada vem do horário público/ Os fans vão dizer que é inveja / Mas vossos ídolos não dão-lhe conselhos ustedes deviam falar menos/ Um dia incriminam os vossos velhos/ Sabe eu nunca estou leite/ Os matamos em qualquer taito/ Estes niggas arrumam voto Enquanto os meus arrumam a life...“
Logo depois, Kelson Most Wanted sinalizou uma possível reação. É importante ressaltar que o rapper sempre se manteve de forma bem calma em relação às provocações, mesmo sendo um dos personagens centrais da New School, o líder da TRX Music, agrupamento que domina a nova geração do rap angolano. Enquanto ele prepara a sua “Super Potência” uma saga que virou tradição para responder provocações.
Enquanto isso, Hernâni da Silva e Phedilson decidiram manter-se neutros. Phedilson, como é usual nele, continuou o estilo de beef invisível, com linhas diretas, mas sem destinatário público declarado.
O rapper Tio Edson também falou nas redes sociais que:
“Vai começar mais um ciclo... será esse o sétimo? Mesmo filme, só muda o personagem escolhido pelos mais velhos do outro lado.” escreveu o rapper no X.
Esta fala fez voltar os sentimentos nostálgicos do tempo do “CONTROL”, um dos beefs mais conhecidos do rap newschool Angolano.
Para muitos OG’s, os melhores rappers são aqueles que falam de sofrimento, da realidade das ruas e da luta social. Kelson Most Wanted já afirmou publicamente que só os “Underground” devem ter esse respeito, porque têm rimas verdadeiras e com dor real, então só eles é que são melhores.
O que está nítido é que CFKappa quis com este álbum mais destaque do que harmonia, um projeto mais publicitário do que musical, mas com a faísca certa para reacender as rivalidades. Enquanto ele mordia e soprava.
Agora, o que resta ao público fazer é pegar o balde de pipocas e assistir à nova guerra de barras e versos que se aproxima. Os rappers têm trocado alfinetadas, dividindo os papéis com postes de imagens de certos presidentes, neste jogo onde o mic é o poder e o estúdio, o campo de batalha.
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